O projeto “Tolerância Zero” aplicado na cidade norte-americana de Nova Iorque foi outro destaque do Encontro
Empresários de segurança privada de todo País estiveram reunidos, entre os dias 25 e 27 de junho, no Expo Center Norte, em São Paulo-SP, para discutir os rumos do segmento no Brasil. O Encontro das Empresas de Segurança Privada (Enesp) da Região Sudeste foi promovido pelos sindicatos que representam a atividade na região (SESVESP, Sindesp-RJ, Sindesp-MG e Sindesp-ES) juntamente com a Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist). O Encontro ocorreu simultaneamente à ISC Brasil – 14ª Feira e Conferência Internacional de Segurança.
As discussões tiveram início com a palestra “Novas Perspectivas para a Segurança Pública e Privada no Brasil: O Desafio da Governança”. O diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, apresentou estatísticas de criminalidade que apontam queda há 17 meses no País.
Para o estudioso, o resultado é fruto de um trabalho coletivo. “Não só da força de segurança pública, mas também da segurança privada”, afirma Renato Lima. No entanto, Lima ressalta que o Brasil ainda tem muita “tarefa de casa” antes de poder dizer que a situação é tranquila.
O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública criticou a falta de integração na consolidação de informações de inteligência. “Não existe nenhum órgão federal com a obrigação de juntar os dados”, alertou.
Renato Lima ainda defendeu a participação da segurança privada no processo de integração das informações de inteligência sobre os crimes cometidos no Brasil.
Teoria da janela quebrada
Consertar problemas pequenos, como uma janela quebrada, antes que eles se tornem algo maior. Parece simples, mas esse foi o conceito aplicado no chamado programa “Tolerância Zero” aplicado na cidade norte-americana de Nova Iorque a partir de meados dos anos 1990.
O oficial aposentado da Antonio Alfonso, que atuou no combate a violência em uma das principais cidades dos Estados Unidos, abordou o tema durante no Enesp Sudeste.
“Nova Iorque e a Tolerância Zero: Como uma das cidades mais violentas dos Estados Unidos tornou-se uma das mais seguras” foi a apresentação.
“Se a janela fica quebrada e ninguém conserta, manda o recado que ninguém se preocupa. Se não conserta, mais pessoas vão quebrar. Teoria da janela quebrada, resolver coisas menores para evitar as maiores”, explicou o policial aposentado.
Ele ainda listou como fatores que proporcionaram o sucesso do programa o estreitamento da relação entre a polícia local e os moradores, de forma que a sociedade passasse a enxergar os agentes como parte da comunidade. Além da participação de agentes privados de segurança, que contribuíram com informações ao longo do processo.
Cenários Político e Econômico
O segundo dia do Enesp Sudeste foi marcado por debates sobre questões políticas e econômicas. Um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, Augusto Nunes falou sobre “Os seis primeiros meses do Brasil redesenhado pelas urnas de outubro”.
Na opinião de Nunes, a maioria dos presidentes eleitos no Brasil é formada por “malucos”. Além disso, afirmou que “lidamos com arrogantes nos três poderes”. O jornalista ainda aposta que o nível da discussão política nas redes sociais irá melhorar.
“O povo brasileiro, finalmente, começou a discutir política em alto nível. o Fla X Flu das redes sociais vai acabar”, afirmou.
O jornalista defendeu a aprovação da Reforma da Previdência. De acordo com Augusto Nunes, o Brasil será outro. “Terá segurança para que os investidores brasileiros e estrangeiros possam aplicar. Em seguida, vem as outras reformas”, explicou.
Para ele, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito por conta da corrupção e insegurança, mas que Bolsonaro tem mudado. E fez uma previsão para o futuro: “O Brasil será o que o povo quiser”.
Assim como Augusto Nunes, o renomado economista Ricardo Amorim aposta na Reforma da Previdência como primeiro passo para o Brasil sair da crise. “A Reforma da Previdência aprovada, vai mudar a perspectiva”, argumenta.
Amorim se mostrou otimista quanto ao futuro. Com dados concretos, mostrou que as crises econômicas são cíclicas. E, que pelo histórico, o Brasil está próximo de entrar um novo momento.
O economista demonstrou ainda que, historicamente, sempre que o crescimento econômico do Brasil fica negativo ou cai de forma drástica, o presidente é retirado do poder. Casos de Fernando Collor e Dilma Rousseff, por exemplo.
Diante do cenário que se aproxima, Ricardo Amorim não tem dúvidas ao incentivar investimentos. “Estou convicto que a hora é essa”.
Os trabalhos do Enesp foram encerrados pelo jornalista, sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, que encerrou o ciclo de palestras, no dia 27, com uma discussão sobre “A política no Governo Bolsonaro”.
Balanço
Ao realizar uma análise criteriosa do evento, o presidente do SESVESP e um dos anfitriões do Enesp Sudeste reconheceu que alguns pontos podem ser aperfeiçoados, mas vê como muito positiva a edição deste ano. João Eliezer Palhuca fez questão de ressaltar o empenho que recebeu dos outros presidentes de sindicatos da região Sudeste na organização do Encontro.
Palhuca também agradeceu o apoio de todos os empresários presentes. “Foi uma honra para nós. E agradecer a confiança que vocês colocaram na nossa equipe. Vocês fizeram nosso evento ser grande. E, hoje, temos uma nova realidade.
O presidente do SESVESP ainda se colocou à disposição para o próximo ano. “Seja um congresso, seja o Enesp, seja evento de qualquer natureza. A ideia foi muito boa. A divulgação da imagem da segurança privada vai ser muito mais intensa a partir da inauguração dessa parceria”, afirmo João Eliezer Palhuca.
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