O presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), Jeferson Nazário, foi um dos participantes da audiência virtual realizada pela Comissão de Juristas da Câmara dos Deputados para discutir o racismo no setor privado. O grupo de trabalho foi criado no final de 2020 é destinado a avaliar e propor estratégias normativas com vistas ao aperfeiçoamento da legislação de combate ao racismo estrutural e institucional no país.
O uso de ações afirmativas e a responsabilização objetiva de práticas discriminatórias foram algumas das alternativas para ampliar o acesso dos negros ao mercado de trabalho debatidas durante o encontro. O presidente da Fenavist apresentou a entidade, demonstrou a abrangência da federação, dos sindicatos e empresas associadas. Jeferson Nazário também explicou que o segmento tem grande interesse na discussão da questão racial e de participar de ações que ajudem a transformar o país.
“Nós estimamos que mais ou menos 60% dos nossos profissionais, em um universo de 600 mil homens no Brasil, são negros que trabalham como segurança privada”, afirmou.
O dirigente ressaltou que a Fenavist e o segmento de segurança privada já vinham atuando em relação a questão discriminatória antes mesmo do caso João Alberto, morto após ser espancado por dois seguranças em uma unidade do supermercado Carrefour, em Porto Alegre-RS, no final de 2020. Tanto que a entidade, ainda no início do ano passado, procurou a Faculdade Zumbi dos Palmares para iniciar uma parceria. Uma das primeiras iniciativas é a divulgação de uma cartilha com orientações aos trabalhadores de como realizar as abordagens de uma forma mais humanizada, que não causem constrangimento e não sejam discriminatórias.
Além disso, Jeferson Nazário foi incisivo ao explicar aos outros participantes que casos como o de João Alberto não representam o segmento de segurança, já que assim como outros noticiados pela imprensa, eles sempre são cometidos por empresas sem autorização da Polícia Federal ou clandestinas, e por seguranças irregulares. Por isso, a aprovação do Estatuto da Segurança Privada pelo Senado Federal, último passo antes de ser enviado à sanção presidencial, é fundamental e trará a modernização, “uma revolução”, disse Nazário.
“Esse Projeto de Lei vem regular de forma mais efetiva a atuação da segurança privada no mercado brasileiro em geral. Quem contratar serviço irregular, clandestino ou pirata, responderá criminalmente com quem está oferecendo. Não vai ser mais só quem está oferecendo o serviço, mas quem está contratando também, com pena de multa e prisão. Também nesse projeto, os policiais que fazem bico e, muitas vezes, eles têm preparo para a ostensividade de rua e não tem um preparo para fazer o trabalho preventivo, que é o que a segurança privada faz, também serão punidos com multa, prisão e exoneração por serviço irregular, exemplificou o presidente da Fenavist.
Jeferson Nazário também anunciou que a Federação, ao lado da Faculdade Zumbi dos Palmares, prepara um estudo amplo sobre a questão racial na atividade de segurança privada.
“Tem um estudo que está sendo feito a quatro mãos, por pessoas capacitadas, habilitadas. Creio que vai trazer um raio-x sobre todo o setor, sobre a questão racial, questão das pessoas que trabalham, da atividade em geral”, informou Nazário.
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