Segurança Privada volta a perder postos de trabalho

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Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram uma queda de 30 mil vagas de trabalho em 12 meses

Em março de 2022, a segurança privada registrou 495.989 vigilantes empregados nas empresas especializadas de segurança privada e nas empresas orgânicas, aquelas que optam por realizarem o próprio serviço de segurança ao cumprir todas as regras estabelecidas pela Polícia Federal. O número representa uma queda de 30.119 (5,72%) postos de trabalho em relação a março de 2021. O dado faz parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que foi publicado nesta terça-feira (28).

O resultado confirma o cenário negativo e expõe uma dura contradição, o País criou quase 3 milhões de postos com carteira assinada em 2021, sendo o setor de serviços, ao qual pertence a segurança, o principal responsável, com um saldo positivo de 1.226.026 vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A queda também reforça o que o setor tem explicado há anos, a atividade está relacionada diretamente a uma economia forte e não a alta dos índices de criminalidade.

Outro dado que chama a atenção é o impacto da inflação, que em 2021 foi de 10,06%. Em 2021, 966.574 pessoas estavam com o curso de formação em dia e podiam exercer a função legalmente. Considerando os 526.108 que estavam empregados em 2021, você tinha quase o mesmo quantitativo de vigilantes na ativa e de profissionais a espera de uma vaga.

Em maio deste ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Cursos e Aperfeiçoamento de Vigilantes (ABCFAV), o número de pessoas aptas a exercer a função de vigilante era de 787.814, uma redução de quase 180 mil. Atualmente, 2.320.522 vigilantes estão com o curso vencido.

“Com o orçamento cada vez mais enxuto e sem perspectiva de ingressar no mercado, com base no que vem acontecendo nos últimos anos, muitos trabalhadores optaram por não investir no curso de formação ou de reciclagem e, por consequência, se manter apto a exercer a profissão”, explica o presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e transporte de Valores (Fenavist), Jeferson Nazário, no texto publicado no anuário.

O faturamento das empresas, que inclui não apenas lucro, mas também todas as despesas e custos operacionais, tem se mantido estável. Dados do IBGE, analisados pela consultoria econômica da Fenavist, apontam que o faturamento ficou na casa dos R$ 36,3 bilhões, bem próximo ao registrado desde 2018, sendo que a inflação no período foi de mais de 20%.

É preciso destacar que não foi possível apresentar o comparativo com número de empresas. Ao analisar os números enviados pela Polícia Federal, responsável pela regulamentação, controle e fiscalização da segurança privada, a Fenavist encontrou algumas inconsistências nos dados ao comparar com a movimentação do mercado nos últimos anos. A PF foi consultada. Assim que as dúvidas forem esclarecidas, a Federação divulgará os dados.

Para o restante de 2022, o cenário para o segmento de segurança privada se apresenta com muitas incertezas.

“Além dos impactos da pandemia, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia também passou a exercer forte pressão negativa sobre a economia brasileira. Como um disco arranhado ou instrumento de uma única nota, o caminho para a guinada e a retomada do crescimento da atividade continua sendo o mesmo apresentado desde a primeira participação da Fenavist neste anuário, ainda em 2020, a aprovação do Estatuto da Segurança Privada”, explica Jeferson Nazário.

A modificação da Lei 7.102/1983, que rege a segurança privada há quase 40 anos, tramita no Congresso Nacional desde 2010. O texto já aprovado pela Câmara dos Deputados, aguarda a votação final pelo Senado desde o final de 2016. A mudança na legislação é fundamental para criar novos nichos de trabalho, segurança jurídica, aumentar a fiscalização e punir as empresas clandestinas, além de gerar milhares de empregos.

Outro ponto destacado pelo presidente da Fenavist como imprescindível para a retomada do crescimento da atividade é a Reforma Tributária. No entanto, ele destaca que o texto em tramitação tem uma série de equívocos e é prejudicial a todo o setor de serviços.

“É justamente a CBS que provoca a maior discrepância entre os setores produtivos. Com uma alíquota linear de 12%, que incidirá sobre todas as operações com bens e de prestação de serviços, em substituição ao PIS e COFINS, com exceção apenas para as instituições financeiras que teriam uma alíquota diferenciada de 5,8%, a contribuição eleva em três vezes o valor a ser pago pelas empresas de prestação de serviços de mão de obra contínua, sem contar a alta carga tributária já imposta sobre a folha de pagamentos”, afirma Nazário.

Perfil do Vigilante

Em relação ao perfil dos vigilantes, segundos dados da Polícia Federal, houve um crescimento de quase 1% na participação das mulheres, que subiu de 9,4%, em 2021, para 10,2%, no início de 2022. Os profissionais do sexo masculino são 89,8% dos trabalhadores ativos.

Cerca de 76% dos profissionais possuem ensino médio (73%) ou superior (3%) completo. Apenas 23% tem ensino médio incompleto, e 1% possui ensino superior incompleto.

Outros dados

Em 2021, foram pagos R$ 67 milhões de reais em taxas para PF. O montante inclui gastos com vistoria, expedição de carteira de vigilante, autorizações de funcionamento e compra de armas e munições, entre outros.

Ao final de 2021, as empresas contavam com 4.598 carros-fortes, 3.517 veículos de escolta armada e 1.001 veículos leves. Uma pequena alta em todos os tipos se comparado a 2021.

Para ter acesso a íntegra do Anuário, acesse https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2022/06/anuario-2022-v03.pdf

 

 

 

 

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